Após uma crise amorosa, Bruna Lombardi decide fazer o Caminho Santiago de Compostela à procura da felicidade. Isso tudo como Teodora, para o longa ‘Onde está a Felicidade?’, que chega aos cinemas no dia 19 de agosto. Essa pergunta Bruna não soube responder ao certo, mas confira mais respostas que a atriz deu nessa entrevista.
Bruna Lombardi, que completa 59 anos hoje, teve de percorrer várias vezes o místico Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, para produzir seu novo longa, Onde Está a Felicidade?, com previsão de estreia para o dia 19 de agosto. Segundo a atriz, há anos ela tinha vontade de fazer o percurso. Bruna conversou com o JT num café no bairro de Pinheiros, no dia 25 de julho, coincidentemente, a data em que é celebrado o dia de Santiago de Compostela. Simpática, ela respondeu, sem embaraço, a todas as perguntas, mesmo as mais pessoais. Na conversa, nenhum tema foi tabu. A atriz falou sobre espiritualidade, liberdade, sexualidade e o relacionamento de mais de 30 anos com o ator Carlos Alberto Riccelli, que também dirige o filme. Confira.
Onde está a felicidade?
Acho que todo mundo se faz essa pergunta. Estou tentando fazer com que a felicidade sempre esteja aqui e agora. Quando pequena, li o livro do Aldous Huxley, A Ilha (1962), onde os pássaros ficam repetindo a frase: “Aqui e agora”. Nunca esqueci desse livro. É incrível como temos de ser lembrados a todo momento que a vida é isso aqui que estamos vivendo.
Você sempre quis fazer o Caminho de Santiago de Compostela?
Como peregrina, fiz apenas a primeira etapa do Caminho. Mas, depois, fiz muitas vezes o trajeto como cineasta, filmando.
Você teve alguma revelação?
Eu tenho uma busca constante.
Por Deus?
Por compreensão, conhecimento, entendimento do universo. Eu acho que tenho um desejo de compreender mais, de me melhorar. E de melhorar as pessoas com quem eu convivo.
Estamos falando de felicidade. Mas a tristeza também não é importante na vida?
Acho a tristeza uma coisa ótima. A melancolia é um momento bom para o artista. Eu venho de poesia. O primeiro dinheiro que ganhei foi como poetisa. Quem trabalha com poesia tem de deixar a melancolia entrar na sua vida e recebê-la como uma bênção. É um estado altamente criador.
No filme, a sua personagem faz receitas para apimentar a relação. Gosta de pratos afrodisíacos?
Acho fundamental alimentar bem todos os sentidos, de todas as formas. Cheiro, música e coisas gostosas só fazem bem para uma relação. E faz bem para você mesmo. Tudo o que colabora para isso é bom. Acho que existem alimentos que dão um certo prazer.
Você e o Carlos Alberto Riccelli estão juntos há mais de 30 anos e não são casados. Por quê?
A gente foi ficando e ficou. E está junto até agora.
Vocês nunca tiveram interesse em oficializar a relação?
Uma pessoa vai ficar com você e você vai ficar com alguém enquanto os dois quiserem e estiver bom. Isso não nos impede de fazer festa para comemorar ou fazer votos na igreja. Cada um faz o que acha que tem de fazer. Sou a favor da liberdade. Liberdade, meu amor, eu quero sempre!
Inclusive no casamento?
Ninguém vai ficar com alguém por causa de um casamento. A pessoa só vai ficar com outra pessoa por paixão, por desejo. Com papel assinado, com promessa, sem promessa, o desejo tem de ser renovado a cada minuto. E não por uma convenção social.
E qual é o segredo de ficar 30 anos com a mesma pessoa?
Acho que é crescer junto. Sempre. No sentido de evoluir, compreender melhor. De crescimento, no sentido de expandir as ideias, desejos, interesses, gostos. Cada um tem de descobrir a si mesmo. E aí, sim, vem a diversidade.
Quando você diz liberdade, você quer dizer no seu casamento?
Total liberdade. Adianta você prender alguém? Você vai sofrer as consequências. Mas não é pela falta de liberdade. É como ter um filho. Você vai proibir o filho de alguma coisa? Vai adiantar? Não é porque o outro impõe que vai adiantar. Isso inclui tudo. Sexo, drogas e rock and roll.
Então, essa liberdade total que você diz inclui a liberdade de você ficar com outra pessoa e seu marido também? Neste tempo todo, vocês já ficaram com outras pessoas?
Não. Porque a gente não quis. Existiram mil oportunidades. A vida de qualquer pessoa está cheia de perigos e tentações. A escolha é sua e você é responsável por ela.
Não é um tabu para você?
Eu não conheço nenhum tabu. Para você, existem tabus? Se existir, é porque não é uma coisa boa.
O que é tabu para você?
Acho que é um lugar proibido, onde não se pode entrar, conversar, pisar, ver, nem perguntar nada.
E drogas? Quando você é parte do show business, as drogas chegam facilmente…
Mas quando você não é, as drogas também chegam.
Mas você concorda que com os famosos é algo mais fácil?
Sim. Mas eu entendo o caminho das drogas. A mentalidade não é essa. Sempre soube o que eu quero. Sempre tive muito claramente qual era meu caminho. Nunca experimentei. Não sou uma pessoa da droga. Já sei o que é. Está claro o que é. Não tenho essa carência.
Você está muito perto de completar 60 anos…
Não. Vou fazer 59.
Sim. Quase 60. Assim como as mulheres têm a crise dos 30, você acha que terá a crise dos 60?
Eu espero que não. Mas eu nunca me liguei muito nesse negócio de idade e de números.
Você não aparenta ter quase 60. Parece muito menos…
Mas eu não tenho 60! Mesmo assim, nunca me liguei. Nunca coloquei em mim mesma nenhum rótulo ou número. Não é a minha cabeça. Eu não consigo lembrar quando alguma coisa aconteceu. A data nunca foi importante.
Você celebra seu aniversário?
Sim, mas comemoro diariamente a vida. Minhas crises não têm nada a ver com idade. Têm a ver com desejos pessoais, buscas minhas. Eu me sinto impotente perto de causas que gostaria de ajudar mais. Injustiças me dão muitas crises. Tem uma frase do poeta Murilo Mendes que diz: “Muita coisa sofro pelos outros. Eu mesma nem sofro”. Sou uma pessoa com muita sorte. A vida me dá muito. Tenho sempre esse desejo de retribuir o que a vida me dá.
Algumas mulheres mais velhas posaram nuas recentemente. Você pensa nisso?
Não estou pensando nesse assunto. Ando tão ocupada…
Você se sente um símbolo sexual?
Nunca me senti assim.
Imagino que você sempre tenha sido muito assediada.
Recebo mais elogios do que mereço. Nunca me senti nenhum rótulo que queiram me atribuir.
Você acha que sua faceta poeta e escritora foi menos explorada por você ser tão bonita?
É conhecida na proporção. Minha poesia acabou sendo mais conhecida do que a de poetas muito superiores a mim. A natureza da poesia é para poucos. Não é algo voltado para as massas. Hoje, eu estou fazendo um filme para multidão. Mas não me importo com o número. A minha busca é pela excelência. Quero dar o meu melhor e o meu máximo, seja no que for. Minhas opções de carreira nunca foram pautadas por multidões, e sim por paixões.
FONTE;
JT Felipe B. Cruz
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